terça-feira, 20 de setembro de 2011

CONTEÚDO LIVRE: MARTHA MEDEIROS - A farra dos sentidos

CONTEÚDO LIVRE: MARTHA MEDEIROS - A farra dos sentidos:

MARTHA MEDEIROS - A farra dos sentidos

Porto Alegre está sediando dois vibrantes eventos culturais, a Bienal do Mercosul e o Em Cena, e não demora começa a Feira do Livro. É um convite irrecusável para mergulhar num universo que tem sido tão pouco prestigiado: o dos sentidos.

Em tempos de deslumbre com a tecnologia, de consumismo descontrolado e da cultura do descartável, vale lembrar que o que nos dá conteúdo, de fato, é a valorização dos sentidos. Estar bem informado e bem sintonizado com as tendências do nosso tempo é importante, mas há diferença entre o que é importante e o que é vital. Vital é o sentir, mais do que o pensar.

É o que, em meio ao trânsito, às discussões, às filas, à pressa e às intermináveis reuniões de trabalho, nos faz transcender e nos instala num patamar mais sublime, inalcançável para quem se dedica apenas à vidinha besta diária.

Comer, dormir e transar são prazeres necessários, que se tornam ainda mais prazerosos quando estamos viajando e podemos nos dedicar a eles com mais calma e desfrute. Viajar oferece novidade aos olhos, sabores inéditos ao nosso paladar, uma percepção mais elástica do tempo.

Recondiciona nosso papel: passamos a ser estrangeiros para nós mesmos. É um instante rico em descobertas. Mas não se pode viajar toda hora, então o jeito é trazer a beleza do mundo para dentro da nossa rotina. É preciso despertar, diariamente, aqueles outros sentidos aparentemente desnecessários.

Há quem não reverencie as cores, as flores, estampas, misturas, audácias. O nude é elegante na moda, mas a vida nua e crua precisa de uns respingos de laranja, vermelho e verde para provocar estímulo, senão caímos em sono profundo, e sono profundo é a morte. Estou falando do tom com que colorimos a nossa história. Lamento por quem vive em sépia, deixando-se desbotar.

Beleza, aromas, sensações, ritmos, sabores, arte. Alimentos pra alma. Quem faz dieta de teatro, música, cinema, literatura, dança e artes plásticas morre magro, definha. E dinheiro pra isso? O Em Cena traz ingressos populares, na Bienal a entrada é franca, na Feira do Livro há os descontos e os sebos: ainda assim, nem todos podem. Então, quem pode, deve. Pelo privilégio que tem. É desfeita recusar-se à grandeza de abstrato, do onírico, da poesia e do encantamento. Desfeita e burrice.

Qual o sentido da vida? Que graça tem armazenar um milhão de “amigos” numa rede virtual, se envaidecer da própria conta bancária, buscar beleza em centros cirúrgicos, investir apenas no que é útil e rentável – ou então no supérfluo que dá status?

Qual o sentido de acordar de manhã sem paz de espírito, caminhar por uma casa que não sorri de volta, passar o dia em frente ao computador sem olhar uma única vez pro céu? Qual o sentido de correr tantos riscos (violência, desamor, frustração, doenças) se não se tem uma vida interior protegida da miséria existencial?

O sentido está nos sentidos. Nada mais óbvio, nem mais bonito.

domingo, 12 de junho de 2011

"O encontro de duas personalidades assemelha-se ao contato de duas substâncias químicas:
se alguma reação ocorre, ambos sofrem uma transformação."
( Carl Gustav Jung )
)
(
)
(
)
(




ॐ.:.


"Existem mil motivos para não se amar uma pessoa,

e um para amar.

E este é o que deve prevalecer"

(Drummond)



ॐ.:.

O céu é o limite

Eu desistiria da eternidade para tocá-lo
Pois eu sei que você me sente de alguma maneira..
Você é o mais perto do paraíso q eu jamais estarei
E eu não quero voltar para casa agora


E tudo o que eu sinto é este momento,
E tudo que eu respiro é a sua vida...
Porque mais cedo ou mais tarde isso irá acabar
e eu não quero sentir a sua falta essa noite...


E eu não quero que o mundo me veja,
Porque eu não acho que eles entenderiam...
Quando tudo é feito para não durar
Eu só quero que você saiba quem eu sou


E você não pode lutar contra as lágrimas que não estão vindo,
Ou o momento da verdade em suas mentiras
Quando tudo parece como nos filmes
É, você sangra só para saber que está vivo...

Eu só quero que você saiba quem eu sou ...






Eu preferiria...Sentir o cheiro de seus cabelos, Dar um beijo em sua boca...Tocar em sua mão... A passar a eternidade sem isso
εϊз.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Saudade Dói

Trancar o dedo numa porta dói.
Bater com o queixo no chão dói.
Torcer o tornozelo dói.
Um tapa, um soco, um pontapé, doem.
Dói bater a cabeça na quina da mesa,
dói morder a língua, dói cólica, cárie e pedra no rim.
Mas o que mais dói é a saudade.
Saudade de um irmão que mora longe.
Saudade de uma cachoeira da infância.
Saudade de um filho que estuda fora.
Saudade do gosto de uma fruta que não se encontra mais.
Saudade do pai q morreu, do amigo imaginário q nunca existiu.
Saudade de uma cidade.
Saudade da gente mesmo, que o tempo não perdoa.
Doem essas saudades todas.
Mas a saudade mais dolorida é a saudade de quem se ama.
Saudade da pele, do cheiro, dos beijos.
Saudade da presença, e até da ausência consentida.
Você podia ficar na sala e ela no quarto,
sem se verem, mas sabiam-se lá.
Você podia ir para o dentista e ela para a faculdade,
mas sabiam-se onde.
Você podia ficar o dia sem vê-la, ela o dia sem vê-lo,
mas sabiam-se amanhã.
Contudo, quando o amor de um acaba, ou torna-se menor,
Ou quando alguém ou algo não deixa que esse amor siga,
Ao outro sobra uma saudade que ninguém sabe como deter.
Saudade é basicamente não saber.
Não saber mais se ela continua fungando num ambiente mais frio.
Não saber se ele continua sem fazer a barba por causa daquela alergia.
Não saber se ela ainda usa aquela saia.
Não saber se ele foi na consulta com o dermatologista como prometeu.
Não saber se ela tem comido bem por causa daquela mania
de estar sempre ocupada;
se ele tem assistido às aulas de inglês,
se aprendeu a entrar na Internet
e encontrar a página do Diário Oficial;
se ela aprendeu a estacionar entre dois carros;
se ele continua preferindo Malzebier;
se ela continua preferindo suco;
se ele continua sorrindo com aqueles olhinhos apertados;
se ela continua dançando daquele jeitinho enlouquecedor;
se ele continua cantando tão bem;
se ela continua detestando o MC Donald's;
se ele continua amando;
se ela continua a chorar até nas comédias.
Saudade é não saber mesmo!
Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos;
não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento;
não saber como frear as lágrimas diante de uma música;
não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche.
Saudade é não querer saber se ela está com outro, e ao mesmo tempo querer.
É não saber se ele está feliz,
e ao mesmo tempo perguntar a todos os amigos por isso...
É não querer saber se ele está mais magro, se ela está mais bela.
Saudade é nunca mais saber de quem se ama, e ainda assim doer;
Saudade é isso que senti enquanto estive escrevendo e o que você,
provavelmente, está sentindo agora depois que acabou de ler...

(Miguel Falabella)

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Saudade

Saudade é solidão acompanhada,
é quando o amor ainda não foi embora,
mas o amado já...
Saudade é amar um passado
que ainda não passou,
é recusar um presente que nos machuca,
é não ver o futuro que nos convida...
Saudade é sentir que existe o que não existe mais...
Saudade é o inferno dos que perderam,
é a dor dos que ficaram para trás,
é o gosto de morte na boca dos
que continuam...
Só uma pessoa no mundo deseja sentir saudade:
aquela que nunca amou.
E esse é o maior dos sofrimentos:
passar pela vida e não viver.
O maior dos sofrimentos é nunca ter sofrido...

(Pablo Neruda)